Além de hoje ser o Dia do Artesão, também é comemorado o Dia de São José. Para os agricultores do Sertão, a esperança vem do céu. A crença é que se chover hoje, é sinal de que o ano vai ser bom na roça.
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Num primeiro momento, a beleza da caatinga pode enganar. A vegetação esverdeada não é indício de chuva farta. Os barreiros estão secando e o sertanejo se depara mais com dias assim do que com nuvens carregadas anunciando um bom inverno.
Seu José Antônio precisa pegar água longe de casa. Ele vai numa carroça todos os dias direto para um poço. Leva mais de três horas pra garantir 300 litros pra várias famílias do assentamento onde mora. “É ruim. Está ceco e não tem jeito. Só Deus”, reclama o agricultor José Pereira.
Mesmo nessas condições, algo a mais move braços e pernas de tantos homens persistentes. “Nós temos sempre que ter a esperança de que vai chover. Sempre esperar”, acredita o agricultor José Bonifácio.
No Sertão de Pernambuco, cerca de 40% das áreas de plantio já receberam sementes de milho e feijão. Mesmo com índices de chuva 30% abaixo da média para a região. Doze municípios pernambucanos decretaram estado de emergência, numa área que abrange uma população de 200 mil moradores.
“É preocupante. Estamos chegando no limite de espera para que haja o plantio. A partir do dia 1 de abril, a pessoa já fica fora do calendário do plantio, que obedece ao clima de nossa região”, explicou o gerente do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA).
A situação é pior no município de Betânia. Se no primeiro trimestre do ano passado foram registrados aproximadamente 437 milímetros, até agora em 2012, o índice pluviométrico não passou dos 100 milímetros. “É um sofrimento muito grande. Para pegar água temos que enfrentar 3 km, debaixo de um sol escaldante”, disse José Antônio, agricultor.
Diante do desânimo de alguns, o jeito é olhar pro céu, mas por outra razão. Contrariando todas as indicações climáticas, o sertanejo arranja forças pra continuar o trabalho e também se apoia em uma devoção secular. No mês de março, se celebra São José, a quem os agricultores recorrem quando falta chuva.
A agricultora Maria Sofia é uma devota de São José. Ela acende velas. Não larga o terço, se agarra à fé. Canta e reza. “Ser devota é pedir e rezar para que o santo socorra o Brasil inteiro”, diz ela.
Diz a tradição que se chover até o dia 19 de março, é sinal de que o ano será bom na roça. Por isso, a família do agricultor Leandro Dantas pede ao santo que a situação mude. “Meu pai, minha mãe e meus irmãos. Todos lá em casa são devotos de São José. Nesse tempo, a seca neste local aqui está muito grande”.
O santo é padroeiro de Custódia, no Sertão pernambucano. Nesses dias de festa de São José, um pedido comum a todo agricultor. “Nós de fato recorremos ao santo. Nós buscamos a proteção do glorioso São José”, finaliza o padre Roberto Luciano.
http://youtu.be/hLsfZWzg-jI