quarta-feira, 4 de abril de 2012

IDADE DA COOPERAÇÃO

MAPRA movimento agroecologico
10:49 (21 horas atrás)

para educaecosol_pe, FEPS-RMR, mapraeco
Achei esse artigo muito interessante e compartilho o mesmo com os camaradas da ECOSOL, afinal se queremos mudar a economia temos que entende-la.

Fábio.

03/02/2012 - 21:02
José Carlos Assis/UFPB e Francisco Antonio Doria/Coppe


Sem competição real, equilíbrio de preços é apenas uma ficção

No recém-lançado livro O universo neoliberal em desencanto (Civilização Brasileira), o economista José Carlos de Assis, professor da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e diretor-presidente do Instituto de Estudos Estratégicos para Integração da América do Sul (Intersul), e o engenheiro químico, doutor em física Francisco Antonio Doria, do programa de Engenharia de Produção da Coppe/UFRJ, anunciam o colapso iminente do neoliberalismo. E desmistificam seus principais teoremas, sobretudo o suposto equilíbrio de preços (e da economia) que seria resultante da liberdade oferecida aos mercados, em detrimento do Estado.
Equilíbrio inatingível

Para Doria, não há como separar a economia da política: "Num mercado competitivo, os preços de equilíbrio existem, mas, em geral, não são computáveis. Se não são computáveis, é impossível dizer quando, de fato, o mercado está em equilíbrio", observa.

Nesse contexto, o professor da Coppe afirma que os países ricos exportaram inflação para a periferia até meados dos anos 90: "Em detrimento do poder aquisitivo das populações locais, restringiam o consumo de bens disponíveis nos países em desenvolvimento, garantindo excedente exportável para o mundo desenvolvido."

Doria conta que, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (o Conselhão, criado no governo Lula), do qual fazia parte, teve acesso a atas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom/BC) e ao Boletim Focus, elaborado pelos bancos, e que norteiam as decisões sobre a taxa básica de juros (Selic).

"Depois de uma dificuldade inicial para entender um texto que escondia sua idéia principal em intrincadas formulações matemáticas, concluí que, por trás daquelas formulações, havia uma simples regra de três, através da qual o Copom determina as taxas de juros. Tudo é baseado no Boletim Focus, elaborado pelos próprios interessados", criticou

Idade da cooperação
Já Assis, apesar do recrudescimento das idéias conservadoras, sobretudo a que preconiza os cortes de gastos não financeiros, disse ao MM, em entrevista exclusiva, que o mundo caminha para a transição da Idade Moderna, baseada na liberdade individual ilimitada - o que, no caso da economia, sustenta o ideário neoliberal - para uma "Idade da Cooperação", na qual o planejamento e a regulação, sobretudo do setor financeiro, a partir dos Estados nacionais, como é feito na China e na Índia, têm papel fundamental.

MM - O livro fala do surgimento de uma "Nova Idade", que viria em substituição à Idade Moderna, pelo colapso do neoliberalismo. Mas não estamos vendo justamente o recrudescimento das idéias conservadoras, a começar pelas metas de austeridade fiscal?

José Carlos de Assis - Suponho que estejamos vivendo um processo de transição de idades. Estamos saindo da Idade Moderna e entrando no que estou chamando de Idade da Cooperação. A Idade Moderna está baseada na idéia da liberdade individual ilimitada e, na economia, dos anos 70 para cá, ela tomou a forma do neoliberalismo, que é a idéia de que o mercado pode se auto-regular, que o Estado precisa ser reduzido ao mínimo e, na questão monetária, é necessário ter um banco central completamente independente, como se isso fosse possível. Com todo esse receituário, eram esperados crescimento econômico e progresso social, o que na verdade não aconteceu. O que houve mesmo foi um processo brutal de concentração de renda nos últimos 30 anos e culminou com uma crise sem paralelo na história do capitalismo.

A crise atual é maior que a dos anos 30?
Sim, porque atingiu o coração do sistema bancário norte-americano e mundial. Nos anos 30, houve muita quebra de bancos - nove mil quebraram - entre 1929 e 1933, com quatro corridas bancárias, mas nenhum grande banco ou grande seguradora. Na crise atual, quebraram ou estiveram para quebrar as maiores seguradoras e bancos do mundo, tanto nos EUA, quanto na Alemanha, Inglaterra e França. Essas instituições foram estatizadas. Algumas continuam controladas pelos governos, outras foram devolvidas.

Mas os governo não assumiram propriamente a direção dos bancos que passaram a controlar...

Essa é mais uma contradição do sistema. Os bancos continuam fazendo o que querem, gerando bônus milionários e retendo o crédito para o setor produtivo. E o governo é um dono que não assume a gestão do sistema. Tudo isso mostra porque estamos numa recessão e depressão maior que nos anos 30.



Este cenário tem dimensão capaz de determinar a transição para a "Idade da Cooperação"?

Na primeira reunião do G20, havia uma retórica em torno da cooperação, por causa do reconhecimento de que a crise só poderia ser superada através dela. Começou a funcionar, tanto que, no último trimestre de 2010, já houve recuperação. Mas, já no segundo encontro do G20, em Toronto, no Canadá, passou a prevalecer a posição conservadora, puxada pela Alemanha e depois pela Inglaterra que, havia trocado de governo, substituindo Gordon Brown, que chegou a anunciar o fim do neoliberalismo mas não conseguiu segurar o próprio mandato, pelo conservador David Cameron.

A crise na Zona do Euro está levando grandes bancos dos EUA a adquirem instituições financeiras européias. Esse fato não revela aumento da concentração, em detrimento da cooperação?

Esses movimentos são normais em momentos de crise. Mas não têm cabimento as teorias conspiratórias que dão conta de uma articulação para dominar o mundo. Aqueles capitalistas já comandam a economia mundial. Além disso, a especulação e a financeirização vazaram para o mundo inteiro, sobretudo Europa e Japão. A contradição é querer saída para a crise a partir de austeridade fiscal.

Ocorre também que os bancos estão apostando no curto prazo para obter lucro rápido e honrar os títulos podres que estão por vencer. Um exemplo disso é a atuação no mercado de câmbio, que gira diariamente US$ 4 trilhões. Ou seja, qualquer comissão sobre um valor desses é muito dinheiro. Note-se que apenas cinco bancos (quatro norte-americanos e um alemão) controlam 60% do mercado de câmbio no mundo.

Apesar de notória (e histórica) a influência da banca, o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) foi importante na estratégia de recuperação da economia norte-americana e mundial, sobretudo após a II Guerra. Por que o Fed é vilão agora?

O Fed não é vilão agora. Ele fez sua parte, provendo o sistema de liquidez. O problema está no âmbito fiscal. Tanto na Europa, quanto nos EUA, por causa do Partido Republicano.



Como seria o mundo econômico na Idade da Cooperação? Haverá uma moeda de referência ou uma cesta de moedas, em substituição ao dólar? Há interesse dos EUA na quebra do euro?
Na "Idade da Cooperação", o mundo terá mais regulação no sistema financeiro, não a partir de um governo mundial, mas feita a partir dos Estados Nação, algo semelhante ao que ocorre com o setor bancário na China e na Índia.

Quanto ao dólar, a predominância da moeda norte-americana vai continuar. Afinal, além do domínio da tecnologia, os EUA respondem por 25% do comércio mundial. E não interessa aos EUA a quebra do euro ou da Europa. O velho continente é muito importante para a recuperação norte-americana.



Rogério Lessa

domingo, 1 de abril de 2012

Domingo de Ramos: dia da Coleta Nacional da Solidariedade



Assessoria de Comunicação da Cáritas Brasileira
No próximo domingo, dia 1º de abril, dioceses, paróquias e comunidades de todo país celebrarão o Domingo de Ramos, dia em que cristãos e cristãs fazem memória a entrada de Jesus em Jerusalém. É nesta data que a Igreja realiza a Coleta Nacional da Solidariedade, gesto concreto da Campanha da Fraternidade, promovida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em que todas as doações financeiras realizadas pelos fiéis farão parte dos Fundos Nacional e Diocesanos de Solidariedade.

Voltado para o apoio a projetos sociais, os fundos são compostos da seguinte maneira: 60% do total da coleta permanecem na diocese de origem e compõe o Fundo Diocesano de Solidariedade e 40% são destinados para o Fundo Nacional de Solidariedade. O resultado integral da coleta da Campanha da Fraternidade de todas as celebrações do Domingo de Ramos será encaminhado à respectiva diocese.

Em 2012, com o tema “Fraternidade e Saúde Pública”, a Campanha da Fraternidade (CF) reflete junto aos seus fiéis temas como a atual situação do Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com o texto base da CF 2012, dados do IBGE mostram que enquanto os mais ricos usam a maior parte de seu orçamento com saúde no pagamento de planos privados, os mais pobres têm os remédios como item de maior consumo de seus gastos com saúde.

Participe da Coleta Nacional da Solidariedade e contribua para a promoção e o apoio a projetos sociais de todo país.