Posted: 10 Jan 2011 12:27 PM PST
Em apenas um mês, Capivari aumentou movimento no comércio.
Prefeitura espera que atrações turísticas também atraiam mais visitantes.
Aluizio Freire Do G1 RJ
faz compras (Foto: Aluizio Freire)
A rotina dos moradores de Silva Jardim, na Baixada Litorânea, mudou há pouco mais de um mês, quando foi lançada e começou a circular a primeira moeda social do Estado do Rio de Janeiro, o Capivari. A nova moeda, que é administrada com recursos do município, ganhou a adesão de grande parte da população e passou a financiar o comércio local, provocando um “boom” na economia da cidade.
Em frente aos supermercados, açougues e drogarias, carros de som anunciam as promoções em produtos que são adquiridos com o novo dinheiro. Com faixas e outras publicidades, comerciantes fazem propagandas para atrair mais clientes com capivaris no bolso.
Em alguns casos os descontos chegam a 20% do valor da compra. “Achei a ideia excelente. Isso está revitalizando o comércio de Silva Jardim”, elogiou Sonia Maria Cruz, 42, enquanto fazia compras no supermercado usando seus capivaris.
Muitos comerciantes garantem que o movimento aumentou em até 60% depois da nova moeda.
“Nosso objetivo, em primeiro lugar, é promover a economia solidária, valorizando o comércio local e ajudando o pequeno empreendedor com o microcrédito. Agora, o dinheiro fica aqui no município. Antes, a gente enchia uma lata furada”, explica a secretária municipal de Turismo, Indústria e Comércio (Semtic), Vera Lúcia Brito.
atender aos mais pobres (Foto: Aluizio Freire)
A abertura do Banco Comunitário Capivari (BCC) garante a circulação da moeda desde o dia 16 de novembro. O prefeito Marcello Zelão foi o principal idealizador da iniciativa.
“Os comerciantes e a população aceitaram a moeda, apoiando a iniciativa. Queremos o melhor para o nosso município. O banco é para atender os trabalhadores, as pessoas mais pobres e não para quem tem dinheiro. Vamos mudar a realidade econômica da cidade através das pessoas de menor poder aquisitivo, que não conseguem empréstimos nos bancos convencionais”, disse Zelão, defendendo o micro-crédito para agricultores e outros setores produtivos.
Com cerca de 22 mil habitantes, segundo o último censo do IBGE, a atividade econômica que movimenta Silva Jardim ainda é a agricultura. Numa cidade cuja renda per capita é de um salário mínimo e meio e que muitos moradores ainda compram a crédito no mercado e deixam a dívida anotada em uma ficha para pagar mensalmente, o chamado “pendura”, um banco que abre com a proposta de oferecer crédito a pessoas com esse perfil precisou ser concebido com alguma flexibilidade.
Em vez de SPC ou Serasa, carro de som
“A gente não consulta o Serasa ou SPC, mas, os vizinhos, para saber se a pessoa merece mesmo crédito. O que exigimos é que a pessoa tenha pelo menos dois anos de endereço fixo”, afirma a analista de crédito do BCC, Tatiana da Costa Pereira. Mas a coisa pode se complicar para os maus pagadores.
em grande inadimplência (Foto: Aluizio Freire)
Segundo Tatiana, caso o beneficiado se mantenha inadimplente e fique comprovado que houve má-fé para obter o crédito, ele poderá ter seu nome exposto em uma lista de devedores na entrada no banco ou até anunciado em um carro de som. Isso está previsto no contrato que ele assina e registrado no fórum.
“Mas, sabemos que as pessoas daqui são muito corretas, honestas e bons pagadores”, elogia a analista.
O gerenciamento geral da moeda social ficará a cargo da Associação Comercial, sob a supervisão do Fórum da Economia Solidária de Silva Jardim (Feso).
O suporte técnico e a consultoria para a implantação da moeda, que circula apenas no município, foram dados pelo Instituto Palmas, que já implantou moedas sociais em várias cidades brasileiras e administra uma moeda própria, o Palmas, no Conjunto Residencial Palmeira, em Fortaleza (CE).
O Capivari é emitido e administrado pelo BCC. Além de realizar o trabalho de “câmbio”, isto é, a troca de reais por capivaris, o banco tem uma linha de crédito para pequenos empreendedores, com o intuito de promover a geração de trabalho e renda no município.
Matéria veiculada no portal G1.
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